Praga – reeditando viagens – a chegada

Capítulo I

Este post vai ser enorme! Não há como resumir Praga…Se quiser, é respirar fundo e ler tudo de uma vez ou  em capítulos…

Praga merece vários posts. Talvez um blog inteiro!   Mesmo assim eu vou tentar ser mais suscinta, embora ache uma tarefa quase impossível…

De Salzburg à Praga, foi necessário, fazer uma conexão,  em Linz, ainda na Aústria.  Foi uma correria, pois como o trem saiu atrasado de Salzburg, tivemos literalmente que sair correndo de uma plataforma para a outra em Linz. Tudo bem que o controlador tinha avisado esse trem por telefone, para esperar por nós. Mas quando finalmente encontramos uma cabine, razoavelmente vazia ( só tinha uma senhora), estávamos esbaforidos. Esse trem fez zilhôes de paradas. Umas tres ou quatro depois que entramos a senhora desembarcou. Yes!!! Tínhamos a cabine só para nós. Mas em qualquer parada, poderia entrar mais gente. Então adotamos uma estratégia. Fechamos as cortinas, e nos esparramamos, fingindo dormir. Se alguém abria a porta, roncávamos! E deu certo. Ficamos com uma cabine particular até o fim da viagem.

Toda vez qua a mocinha com o carrinho de comes e bebes abria nossa porta, fazíamos uma festa particular. A cada parada, lá vinha ela…tlin, tlin, tlin. Num inglês meio atrrrapalhado, mas sempre sorrindo, ela já sabia que tinha um trio sorrindo, esperando por ela. Incrivelmente barato, foram muiiiitas cervejas checas, alguns sanduíches e muitas gargalhadas. Estções com nomes estranhíssimos e um entra e sai de gente,  não menos estranhas. E nós lá… Foi anoitecendo e  víamos as cidades passando pela janela, já na República Checa, com mais ou menos 40 cms de neve. Já sabíamos que a temperatura em Praga estava oscilando entre -8 e-12. Saber é uma coisa. Ver é outra e sentir outra bem diferente. A neve acumulava na janela e mesmo com aquecimento, sentíamos um certo frio. Eu, pra variar, não consegui pregar o olho. E nem meu companheiro ( o rádio do celular) podia me ajudar, pois a única estação que pegava, era….em checo.

Pronto, já voltei ao meu estilo prolixo.

Enfim, chegamos à Praga, mais ou menos às dez da noite. Confesso, que tive uma impressão meio decadente da estação. Mas também, era tarde, a estação com jeito de fim de festa, estávamos exaustos e eu tinha um certo medo de não conseguir me comunicar …  Checo não é a minha especialidade. Depois de um tranceté para pegarmos um táxi, chegamos ao nosso hotel. Nem acreditei que pagaríamos 50 euros para nós três, por um quarto enorme daqueles. O Hotel Atlantic foi uma grata surpresa. Noss0 quarto era enooooorme, quentinho, com duas janelas grandes ( que abriam!), três camas deliciosas e um banheiro tudo de bom, com aquecedor de toalhas! Para quem viaja, assim na base do bom e barato, foi praticamente uma constelação de dez estrelas, a classificação deste hotel.

Quarto do Hotel Atlantic - foto do hotel

Quarto do Hotel Atlantic – foto do hotel

Ah! tinha uma espécie de manual de instruções ou “como não se dar mal em Praga”.  São instruções tipo não pegar táxi no centro da cidade, não trocar dinheiro com pessoas no meio da rua, não dar bobeira com bolsas ou carteiras, evitar rua desertas tarde da noite, etc  Ou seja, muito mais tranquilo que um passeio básico no Rio de Janeiro. Uma dica é trocar dinheiro na própria estação ou aeroporto (normalmente são as melhores taxas) ou no hotel. Um euro, valia em janeiro cerca de 25, 26 coroas checas. E dar preferência aos transportes e tours oferecidos pelo próprio hotel. Nós só pedimos táxi para o aeroporto, chegou rapidinho, o motorista foi gentil e educado. 7 euros do hotel ao aeroporto. Em vários estabelecimentos aceitam euros, o único problema, é que você fica sujeita à taxa que o comerciante estabelecer.

O centro histórico de Praga é patrimônio cultural da Unesco desde 1992. E com um simples olhar é fácil entender porquê.

Casa Municipal. Estilo Art Nouveau de tirar o fôlego!

As origens desta cidade  remontam ao ano da fundação do Castelo de Praga – 870 A.D. Mas,  já no período neolítico havia povoações no seu território. Não é de arrepiar? Mas as construções não tem nada a ver com a Idade da Pedra. Todas os edifícios, pontes, portões, tudo, absolutamente tudo, parece que foi bordado cuidadosamente por mãos encantadas. Praga tem de tudo um pouco, aliás, de tudo, muito! Ruinhas estreitas e construções de todos os estilos arquitetônicos – rotundas românicas, catedrais góticas, palácios de estilos renascença e barroco, casas em estilos de classicismo, art nouveau, cubismo,  edifícios modernos, letreiros em em neon, girffes e cadeias de fast food.  E é conhecida pelos pináculos e torres. A gente levanta o olhar e lá estão no mínimo 20 agulhas em cima dos telhados e torres.

Em Praga, prepare seu pescoço…você vai olhar muito para cima. Começamos por Staromestské Námestí, a praça da cidade antiga. É, e  estava  linda, coberta de neve.

Igreja de São Nicolau

O prédio da antiga câmara municipal está sempre rodeado de gente. Sua torre gótica é o foco dos olhares. Motivo: O Relógio Astronômico,  o Orloj.

Torre gótica da antiga Câmara Municipal

Praça da Cidade Velha   Torres da Igeja Nossa Senhora de Tyn (ao fundo)

Relógio Astronômico =  Orloj

Lá em cima da torre, um trombeteiro se esbalda  na “corneta” e acena para a multidão, depois das badaladas de cada hora cheia, quando os bonequinhos saem daquelas portinhas lá em cima e a caveirinha  que representa a morte,  dá uma boa chacoalhada. O povo acena de volta e bate palmas…

´´O Orloj é composto de três componentes principais: o mostrador  astronômico, representando a posição do Sol  e da Lua  no céu, além de mostrar vários detalhes celestes; a ”Caminhada dos Apóstolos”, um show mecânico representado a cada troca de hora com as figuras dos apóstolos e outras esculturas com movimento; e um mostrador-calendário com medalhões representando os meses.´´

estadão. com

Não tenha pressa. Se chegar lá, faltando um pouquinho para o ponteiro maior chegar ao 12, vale a pena esperar. Aproveite e olhe em volta. Adoro esse voyerismo de viagem. Observar os turistas, como eu.  São de todos os lugares, falam todos os idiomas, tem todas as idades e tantas estórias…  Às vezes fico imaginando como cada um conseguiu estar ali… elocubrações viajantes. Antes da badalada da hora cheia,  fomos tomar um café no Starbuck bem em frente. Aliás, o café é um grande companheiro de viagem. Principalmente quando rola aquele momento BRRRRRRRRRRR! preciso me aquece agora!!!! Enquanto espera a hora cheia, a gente se dá conta que está alí…tudo em volta é lindo! Cada detalhe, parece ter sido colocado minuciosamente, para o deter o olhar. Seguindo em frente, você entra num emaranhado de ruinhas estreitas, cada uma mais linda  que a outra, se perde e se acha, e acaba chegando às margens do rio Vltava. Nesse pequeno percurso, uma característica poética. As lojas de marionetes. São como objetos de arte, bichinhos e personagens são transformados em marionetes impressionantes. Um verdadeiro mar delas em um zilhão de lojas. Tive  ímpetos de comprar todas. Muito auto controle… Na caminhada, recebemos vários flyers anunciando concertos, óperas, balés e apresentação de peças encenadas por marionetes.  Na próxima vez que eu for, vou dedicar boa parte do tempo a isso. Sim, vou voltar. Porquê o mais complicado, quando se tem 4 dias numa cidade como essa, é justamente, decidir o quê fazer.

São ruelas lindas… Muitas e muitas lojas de lembranças. Aliás, foi onde mais tive que me controlar. É tudo muito colorido e atrativo.

E assim, completamente boquiabertos, fomos andando, pisando em história, olhares atentos a cada detalhe. Tanto aos detalhes lá no alto, mas muito atentos ao chão, que mais parecia areia de praia em algumas ruas, o que  nos fazia protagonizar coreografias elaboradas. A todo momento rolava um passinho estilo “Catinguelê´´  Um bracinho para o alto, um pequeno deslizar quase estabaco. Era muita neve, montes de neve!!! Muito bom!

Da praça da cidade velha até as margens do rio Vltava, não é longe. Mas nos deixamos encantar por tudo, nos perdemos algumas vezes, andamos com cuidado redobrado e demoramos um pouco mais.

De repente  a gente tem umas vontades de chorar. Entrei diversas vezes em estado de contemplação catatônica.

As agulhas nos telhados, os bordados  e esculturas nas fachadas, os nomes das ruas, os cheiros, as formas das portas,janelas  e arcos…

De repente um vento…

Lá no fim da rua…

A visão da Ponte Carlos, e lá no alto, do Castelo de Praga.  Indescritível…

Portão da ponte

Vamos por partes.

A Ponte Carlos ou Karluv Most, foi construída a pedido do Rei Carlos IV com a intenção de unir a cidade velha (Staromestske Namesti), onde aconteciam os intercâmbios comerciais,  ao Bairro Pequeno (Malá Strana), uma espécie de cidade em volta do Castelo de Praga.

A ponte mais bonita do mundo. Ganhar esse aposto, acreditem, não é nada fácil. Desbancar a romântica Pont Neuf, em Paris, a gigante Golden Gate, em São Francisco, ou, ainda, a emblemática Ponte do Brooklin, em Nova York. Isso, definitivamente, é para poucos. Mas a Ponte Carlos, em Praga, supera em beleza todas as obras cuja função primeira consiste em ligar uma margem a outra de um rio (nesse caso, o Moldava, ou Vltava, em checo) – a segunda, claro, é encantar turistas do mundo inteiro.

Já na construção a Ponte Carlos tem uma história, no mínimo, curiosa. Dizem que Carlos IV consultou diversos astrônomos antes de depositar a pedra fundamental no exato lugar da Ponte Judite – destruída por uma enchente em 1342. Os sábios determinaram que a obra deveria ser iniciada às 5h31 de 9 de julho de 1357, uma combinação astral altamente favorável.

Não é que eles estavam corretíssimos? Assim nasceu um monumento assombroso. São 520 metros que ligam Malá Strana à Cidade Velha, vigiados por 30 estátuas de santos. As imagens começaram a ser postas ali em 1629, caso do impressionante Crucifixo. Por quase 100 anos, essa era a única obra a adornar a Ponte Carlos. As outras vieram nos séculos 18 e 19.

Ponte Carlos e Castelo de Praga

A ponte tem 520 metros de extensão e como é proibido o tráfego de veículos, é uma espécie de calçadão. Enfeitada por 30 estátuas de santos, é uma exposição a céu aberto!

É tudo tão lindo, que a gente passou mais de 40 minutos para atrevessar esses 520 metros

Uma das mais famosas é a estátua de São João Nepomuceno. Diz a lenda que passar a mão nela traz sorte. Eu fiz uma “massagem”…

Fomos então em direção ao Bairro Pequeno…O Castelo de Praga nos esperava.

No caminho, deu para “notar” o quanto tinha nevado…

Na subida para o Castelo, construções lindíssimas, muitas lojas de souvenirs, pubs e restaurantes.

É bem cansativo…ainda mais tentando se equilibrar nos montes de neve. Mas ao chegar lá em cima, a recompensa.

Vista lá de cima

Portão do Castelo.

A história do Castelo de Praga se inicia no século IX, quando os primeiros fundadores da dinastia Premislídica criaram uma fortaleza sucessivamente ampliada ao longo dos séculos seguintes, e que acabaram por se transformar em um dos maiores complexos palacianos do mundo (o maior castelo antigo do mundo, segundo o Guiness).

Um frio de rachar e os guardinhas imóveis. Só se mexem para trocar de guarita.

Mas a maior “surpresa” é que lá atrás esta a catedral de São Vito.

Uma das mais belas catedrais gótigas ! Eu que adoro o estilo gótico, meio que perdi a respiração. Não dá para descrever, nem para tirar foto de longe, pois em Praga um monumento fica “grudado” no outro.

No interior, a gente volta no tempo. É escuro e neste dia, muuuuuuuuuito frio. Por incrível que parece estava mais frio dentro do que fora.

Como toda a catedral que se preza, sua construção começou em 926. Em 1344, começa a construção de seu atual esilo gótico, e só finalizada no século 19.

Saímos de lá mais uma vez, boquiabertos. Aliás foi difícil tirar o Dani de lá de dentro.

Mas ainda tínhamos toda a região em volta do castelo para ver. Pode-se passar um dia inteiro por lá.

Normalmente é bem agitado por aqui. Mas em pleno inverno, os bares e restaurantes meio que se recolhem. Tirando um enorme grupo de japoneses, que foram embora rapidinho éramos só nós.

Brincando feito crianças…

8 comentários em “Praga – reeditando viagens – a chegada

  1. Pingback: Mala de Rodinha e Nécessaire | Stirling Castle – fantástico!

  2. Olá Celina,
    Estou amando seus relatos. Eles estão me ajudando muito. Obrigada por compartilhá-los conosco. Vou viajar em setembro para praga e depois pretendo ir à Salzburg, mas como nunca viajei de trem pela Europa (na verdade, será minha primeira viajem pela Europa) estou preocupada com essa conexão em Linz que citou. Tenho medo de não conseguir chegar a tempo, como quase aconteceu com você, e pela minha inexperiência acabar perdendo o trem. Se puder me ajudar com mais informações sobre essa conexão, se precisou trocar de plataforma, se consigo trocar de trem em 8 min (tempo de conexão) ou outras dicas, ficarei super agradecida!!
    Leticia

    • Oi Letícia,

      A melhor forma de planejar sua viagem é procurando no site de transportes da região. Eu pesquisei nesse: http://czech-transport.com/.
      Tem como escolher o idioma. Eu realmente não recomendo uma conexão apertada em nenhuma viagem. E sim, normalmente tem que trocar de plataforma, por isso a gente às vezes tem que correr e sem conhecer a estação é meio tenso. As conexões entre Salzburg e Praga são geralmente em Linz (como foi a minha) ou em Munich. O que eu faria, se pudesse, era parar em Munich, conhecer a cidade e seguir viagem no dia seguinte para Praga, com toda a calma do mundo.

  3. Olá… estou viajando agora dia 23 para Europa, desembarco em Londres e vou me instalar em Cambridge e de lá vou fazer passeios pelos países nos finais de semana. Quais países e lugares você me indica NÃO DEIXAR DE CONHECER. E tbm queria saber qual a loja da Hunter (botas) mais próxima de onde estarei, pois necessito comprar uma.

    Obrigada!!

    • Olá Simone,
      Eu sou suspeita para falar, mas estando na Europa, é difícil escolher. Cidades: Paris, sem dúvida. Berlin, linda e a história viva!. Praga e Budapeste valem uma visita ao leste europeu. No Reino Unido, Edimburgo (capital da Escócia) é imperdível, Oxford pertinho de Cambridge, Cardiff (no País de Gales) e por aí vai.
      Em Cambridge você encontra fácil uma loja que vende Hunter: CAMBRIDGE GRAND ARCADE
      Grand Arcade – St. Andrew’s Ar
      Ground Floor Unit 29
      Cambridge

  4. Georgia, mais uma vez, que boa a sua visita! E Praga é uma cidade para se voltar sempre! Eu volto a hora que tiver uma oportunidade, uma lowcost dando pinta. Curta muito e aproveite bastante, por mim!

  5. Cel

    Não poderia deixar de comentar. Também sou apaixonada por Praga e as suas fotos me fizeram reviver minha viagem em dez 2009. Peguei esse mesmo cenário de -15°c. Lindo, lindo! Adorei o seu post. Por coincidência ficamos no mesmo Hotel, que é ótimo. Simples mas atende às nossas necessidades de viajante. Quarto limpinho e cama quentinha. Voltarei a Praga em out 2011. Estou ansiosa já. Beijos. parabéns pelo blog.

    Georgia

  6. Cel

    Não poderia deixar de comentar. Também sou apaixonada por Praga e as suas fotos me fizeram reviver minha viagem em dez 2009. Peguei esse mesmo cenário de -15°c. Lindo, lindo! Adorei o seu post. Por coincidência ficamos no mesmo Hotel, que é ótimo. Simples mas atende ás nossas necessidades de viajante. Quarto limpinho e cama quentinha. Voltarei a Praga em out 2011. Estou ansiosa já. Beijos. parabéns pelo blog.

    Georgia

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