Vôo Londres-Paris

Quando comentei no Instagram, Facebook, etc. que depois de todos os problemas de Paris eu finalmente estava em Berlim, ficou todo mundo querendo saber o que afinal tinha acontecido. Imaginem um casal que esperou as férias coincidirem, o filhote crescer um pouquinho, juntou dinheiro e milhas, planejou tudo com carinho, e logo no segundo dia de viagem, na chegada a Paris para um encontro combinado há sete anos, se dá conta que perdeu a mochila com todos os documentos!  Tudo! Os três passaportes, a certidão de nascimento original do bebê, cartões de crédito, remédios, fraldas, enfim, tudo o que era de primeiríssima necessidade estava na mochila.  Frase que virou um bordão durante a estada em Paris. Parecia que tudo tinha ficado na mochila! Ao menos, o dinheiro vivo, estava em local seguro e sabido.

Aconteceu em um segundo de distração. Um acidente de percurso que pode acontecer a qualquer um. Ansiedade, carrinho de bebê, malas e na hora de saltar do Roissybus, (um ônibus que sai do Charles de Gaulle e para na Opéra, no centro de Paris), a mochila ficou. Quando eles realizaram o esquecimento, ônibus já tinha partido! Daí em diante, vivemos uma gincana.

Escadarias da Opéra – Paris

Tínhamos combinado o tão sonhado encontro, nas escadarias da Opéra às 6 da tarde. Assim que os vi chegando corri para encontrá-los e assim que olhei para eles, percebi que algo tinha acontecido. Eles estavam lívidos, absolutamente sem ação. O que fazer e para onde correr? A primeira coisa que me ocorreu foi procurar o chofer de qualquer Roissybus que estivesse no ponto. Demos a volta no quarteirão e entrei no primeiro ônibus, já explicando tudo o que tinha acontecido ao motorista, literalmente <clamando> por ajuda. Gentilíssimo, ele telefonou para a central, e enquanto esperávamos o <veredito>, pessoas entravam, pagavam o bilhete e outras começavam a me fuzilar com o olhar, uma vez que eu estava atrasando a viagem de todo mundo. Sem sucesso. Nada da mochila. Mas ao menos saí do ônibus com um telefone e o endereço da garagem para onde os ônibus  – e possivelmente os objetos perdidos ou esquecidos- vão ao final do dia.  Era a única esperança.

Mary’s Hotel – Paris

Já era noite, o próximo passo era conseguir mamadeira, comida e fraldas, antes que o comércio fechasse. E o meu  problema seria colocar os três para dentro do hotel. Eu havia feito o check-in de manhã e a recepcionista havia recomendado expressamente que meus amigos fizessem o check-in quando chegassem, ou seja, apresentar os passaportes para serem escaneados. Sem isso, ninguém é aceito dentro do hotel, e isso não é só em Paris. Budapeste, Amsterdam, e as cidades do Vale do Loire, em todos os hotéis que fiquei, a identificação é exigida.  Mesmo no hotel <super budget> Mary´s Hotel. Sem passaporte, nada feito! Enquanto eles faziam as compras, fiquei do lado de fora elaborando a novela que eu iria contar na recepção para que permitissem a entrada deles. Enquanto isso, Miguel, dormia solenemente… Ao chegar no hotel, felizmente era outro recepcionista e fazendo cara de parede, pedi e peguei a chave com uma mão, enquanto a outra fazia sinal para que Rafael e Juliana fossem entrando displicentemente em direção ao elevador, com as malas e carrinho de bebê em punho.

Suite Familiar – Mary´s Hotel -Paris -preço de alberque com banheiro particular!

No maior clima de conspiração, a estratégia funcionou! Estávamos todos em <nossa suíte familiar>. O hotel, que é simples, acabou por se mostrar uma excelente opção de hospedagem mais em conta em Paris.

Sem passaportes e check-in, totalmente clandestinos! Juliana e Miguel (o bebê viajante) em segurança, partimos eu e Rafael para conhecer um ponto nada turístico de Paris. A garagem do Roissybus,  onde <Judas a perdu ses bottes>, em bom português, onde Judas perdeu as botas. Um tiro n´água. Mais uma vez, fomos super bem tratados mas… o tal ônibus pelo horário, só voltaria à garagem às cinco da manhã, sendo que até o momento, não tinham nenhuma notícia de uma mochila preta, com fraldas e passaportes. Uma família sem documentos… sendo que não é um bom momento para correr esse tipo de risco. Tenho visto aqui e ali, pessoas sendo paradas do nada pela polícia. Eu estava tensa!!! Sem outra alternativa, partimos para um pouco de alívio. A estante de vinhos do Carrefour Express, supermercado pertinho do hotel.

Carrefour Express – Paris

Na manhã seguinte, desta vez com a luz do dia, a garagem do Roissybus estava menos assustadora. Fomos levados ao escritório onde mais uma vez nos deram toda a atenção, mas nada de mochila. Detalhe:  praticamente todos os ambientes indoor, são aquecidos a temperaturas tropicais! Você entra todo agasalhado e lá dentro a sensação é de aquecimento global sem limites! Enquanto eu explicava pela enésima vez o que tinha acontecido, enxugava gotas de suor da testa, que praticamente pulavam no balcão.  Saímos com mais alguns telefones de contato, mas agora não restava outra alternativa senão procurar o posto de polícia mais próximo.  A viagem deles, que ainda incluía Berlim e Amsterdam, estava completamente ameaçada. 

Para terminar este capítulo (sim, essa novela terá mais alguns), listo abaixo o que fazer ANTES de viajar e que pode facilitar muito a obtenção de um novo passaporte.

• Escaneie todos os seus documentos, cartões de crédito, receitas médicas, e principalmente seu passaporte. Não esqueça dos comprovantes de votação, aquela certidão de militar para os homens, carteira de identidade e motorista. 

• Mande tudo em anexo  para o seu próprio e-mail, um que você possa acessar pela internet como gmail, hotmail, yahoo, etc.

• Imprima um cópia de cada e leve com você, em local separado do passaporte. Isso pode ser a diferença de algumas horas, até você encontrar uma lan house para imprimir as cópias dos seus documentos.

• Anote o número do telefone da central de atendimento (internacional) do cartão de crédito.

• Anote o endereço e telefone do(s) Consulado(s) do Brasil no(s) pais(es) para onde você vai.

• Anote o número de parentes, amigos (os outros telefones também) em um papel ou caderneta. Mesmo que você tenha uma memória fotográfica, ninguém fica calmo o suficiente para lembrar todos esses telefones se o celular for perdido ou roubado!

• Se quiser ser bem precavido, ainda leve uma foto para passaporte. Também pode ser a diferença de minutos preciosos.

• E nunca coloque todos os ovos na mesma cesta! isso que dizer que dinheiro, cartões, e documentos, devem ficar separados, perder tudo junto é o maior perrengue.

DURANTE a viagem

• bolsa a tiracolo, virada para a frente, no seu campo de visão, sempre! Talvez as meninas mais fashion não gostem da idéia, mas a bolsa a tiracolo está sempre com você. A gente não tira para sentar no ônibus, para pegar as malas (eu não tiro nem em restaurante!) Ela não escorrega do ombro e é muito mais difícil de algum espertinho enfiar a mão dentro ou passar correndo e roubar sua bolsa. Para os homens a mesma coisa. Uma bela bolsa carteiro a tiracolo! Mochila é super prática para coisas que devem estar junto com você no avião, trem, ônibus, mas não para documentos e dinheiro. Normalmente a gente tira das costas e apoia em algum lugar. Um segundo de distração e …

• Existem também as chamadas <doleiras>, uma espécie de pochete para ser usada por baixo da roupa, ótima para carregar dinheiro vivo, mas sinceramente, acho que colocar o passaporte fica desconfortável e nada estético.

• Além da bolsa a tiracolo, eu ainda uso correntinhas. Minha carteira de dinheiro e cartões está sempre atrelada à bolsa e o passaporte, fica dentro de um bolso com fecho-zíper. Tudo acorrentado. Isso evita que eu esqueça em cima do balcão das lojas, que alguém pegue a <pequena>, sem que eu perceba, de dentro da bolsa como quase aconteceu em Madri. Lembre-se que os pickpockets são treinadíssimos! Um te distrai e o outro… pimba, já era a sua carteira!
• Deixe sempre pelo menos um cartão de crédito escondido na mala do hotel. Eu deixo normalmente numa bolsinha com remédios e misturada com roupas. Caso aconteça o pior, tenho pelo menos como pagar o hotel e comer.

Sem as cópias desses documentos nas mãos, foi, como eu disse, uma gincana. A cada momento uma nova tarefa com minutos contados. Já era quinta-feira e eles teriam até sexta de manhã para tentar obter novos passaportes…

No próximo capítulo… ops, próximo post!

Para reservar o Mary’s Hotel: aqui

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